Artigo por: Profª Letícia Matos Duarte
Impulsionados pela fascinante promessa oferecida pelo business case da sustentabilidade, os
investimentos em ESG e suas propostas de gestão cresceram significativamente no mercado
global, e também no Brasil.
As oportunas características que envolvem o ESG: aspectos ambientais, sociais e de governança
das empresas, tem sido um dos temas mais abordados na esfera corporativa. Observo de maneira
geral, que a aplicação de ações ESG são elencadas como algo “restrito” apenas à esfera das
grandes companhias, haja vista que são capazes de fazer investimentos vultosos em ações ligadas
à proteção ambiental, projetos sociais ou em estruturas de governança corporativa.
Entretanto, essa visualização mostra-se cada vez mais contrariada pelas pequenas e médias
empresas (PMEs) que têm muito a se beneficiar ao aderirem a critérios mais sustentáveis em suas
atividades. Levando isso em consideração é importante que os aspectos entre Sustentabilidade e
ESG sejam bem definidos e difundidos.
Percebe-se uma enfastiante generalizada no campo dos negócios no Brasil, que é a substituição
do termo “sustentabilidade” pelo termo “ESG”. Tudo se passa como se a nova sigla fosse uma “
evolução” do antigo e desgastado conceito anterior. É comum vermos a simples substituição de
uma expressão pela outra: de repente, “sustentabilidade” virou “out” e ESG virou “in”, como traz
o autor Aron Belinky em seu artigo “Seu ESG é Sustentável?”, parece um filme já visto antes: assim
como há uns 15 anos a expressão “responsabilidade social das empresas” foi praticamente
substituída por “sustentabilidade”, agora esta última está sendo substituída por ESG.
É de maneira simples que precisamos entender que ESG não é um novo nome para
sustentabilidade, apesar que, obviamente, existe uma convergência entre vários aspectos, porém
trata-se de perspectivas diferentes.
Os atores envolvidos em ESG são diferentes, bem como possui premissas, objetivos e resultados
que podem convergir com os da sustentabilidade, mas que não os substituem.
ESG não deve ser encarada como um novo nome para sustentabilidade!
O ESG está relacionado à mensuração da performance de uma organização nas questões
ambientais, sociais e de transparência e eficiência. Consideramos que para uma empresa seja
sustentável, é preciso implementar e/ou melhorar suas práticas de ESG.
Trazendo algo mais prático, podemos dizer que existem “atores envolvidos” em cada um destes
conceitos, considerando que a sustentabilidade é uma parte conceitual que envolve todos os
atores sociais de: Governo, Empresas e Sociedades; já o ESG envolve investidores e suas
expectativas, principalmente sobre avaliação de riscos e retornos financeiros. Em suma a
sustentabilidade apresenta ações estratégicas, que, preocupa-se em reduzir o impacto ambiental,
já o ESG determina os aspectos que vão caracterizar essas ações, aumentando as oportunidades
de investimento.
Em suma, o interesse crescente do tema impactou na multiplicação da oferta de produtos
financeiros “com ESG”, além da busca das empresas pelo reconhecimento de sua “excelência ESG
” e os questionamentos dos investidores sobre como avaliar a “qualidade do ESG” das empresas
e dos produtos financeiros. Para fechar esse artigo, digo com base nas evidências do último ano
corporativo vivido, que ESG não é uma “onda” e devemos estar preparados para atender não
somente grandes empresas como pequenas e médias, levando em consideração a cobrança
incisiva das grandes empresas sobre seus fornecedores e prestadores de serviço estarem “em
ESG”, e se adequem às normas e diretrizes sustentáveis, sob pena – inclusive – de rescisão
contratual. Vale ressaltar que as melhores práticas tradicionalmente associadas à
sustentabilidade passaram a ser consideradas como parte da estratégia financeira das empresas,
isso reflete a relevância sobre especialistas do assunto, onde claramente irão aproveitar as
oportunidades de negócio que já estão inseridas no mercado global.